È muito difícil estabelecer com exactidão quando surgiu a primeira intenção de comunicação humana, pois desde que conhecemos esta expressão já se passaram milénios, sabe-se que os primeiros sons do homem imitavam os ruídos gerados pelo ambientes em que conviviam, sons “honomatopeicos”, (rugidos de animais. O “homo sapiens”. O “homo sapiens” homem macaco tornar-se-ia no “Homo loquens” homem que fala, inventando uma língua para exteriorizar as suas necessidades, as suas ideias e os seus desejos, diferenciando-se dos animais pela utilização de um sistema de comunicação progressiva e aberto que pode transmitir-se e enriquecer-se de geração em geração
A comunicação interpessoal é uma comunicação que ocorre no contexto da interação face-a-face. Em que esta interacção faz-se através da comunicação verbal e não verbal.
Este tipo de comunicação é marcada pela informalidade e pela flexibilidade, para haver comunicação interpessoal é necessário que exista duas ou mais pessoas em proximidade física e que percebam a presença uma das outras.
Segundo Paul Watzlawick “ toda a comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de relação, de tal modo que o segundo classifica o primeiro e é portanto, uma metacomunicação”. Defende também que os seres humanos comunicam digital e analogicamente e por fim defende que “todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares”.
Em suma a comunicação interpessoal diz respeito a linguagens exteriorizadas, ou seja, o homem exprime-se pelo corpo, pelo gesto, pela sua palavra.
O processo de comunicação interpessoal pode ser representado da seguinte forma:
O emissor (é o sujeito que envia a mensagem), emite a mensagem, envia os sinais sonoros, e se estes sinais que formam a mensagem não forem claros e precisos não haverá comunicação. Assim sendo o receptor recebe a mensagem, se esta for fragmentada e sem nexo, desencontrada ou vaga, não será entendida e não será possível descodificá-la, isto designa-se por barreiras a comunicação pode-se estabelecer quer na mensagem, receptor, no meio envolvente ao no domínio do código linguístico. A mensagem é o objecto principal da comunicação, sem ela não há entendimento, é o elemento físico da comunicação. O canal, portanto é o meio físico através do qual a mensagem se transmite, que pode ser escrita, falado, televisionada, por telefone, fax, internet ou ainda interpessoal, de pessoa a pessoa. O código esta pautado num conjunto de sinais e de regras e na combinação destes sinais, sem eles não haveria a leitura de todos os outros elementos, que as letras, a voz, o timbre, a articulação e a audição podem transmitir. Sem uma boa audição também não haverá uma boa recepção dos elementos da mensagem codificada. Assim a corrente (direcção), é constituída pelo contexto, pela situação e pelos objectos reais aos quais a mensagem se remete que deve ser directa, explícita e objectiva. Temos ainda o “signo”, que é a menor unidade dotada de sentido dentro desse contexto. O significante que é o material do signo (é um sinal que se vê e ouve, é igual para todos os indivíduos). E o significado que é o elemento conceitual da palavra” (o que representa) (BOSCO; MEDEIROS (1994, p. 43). No processo de comunicação ainda podemos falar do feedback, que consiste em que um dos elementos desempenha um papel activo, enviando mensagens, e outro que tem um papel passivo, recebendo as mensagens, é a informação que o receptor envia ao emissor e que permite que este”perceba” se a mensagem está ou não a ser bem recebida.
Existem mais dois conceitos importantes para a compreensão do processo de comunicação que são o ruído e redundância. O ruído é por exemplo quando um sujeito não consegue receber um a mensagem porque há barulho no local em que se encontram ou porque tem uma letra ilegível, pode também acontecer que o texto esteja mal impresso na folha em que foi escrita a mensagem, ou seja, são factores que afectam, em graus diferentes, e por causas diversas, a transmissão e recepção da mensagem.
Quando falamos de redundância, diz respeito a presença de elementos que não acrescentam nada a informação, mas que têm um papel importante na qualidade da comunicação, clarificando e reforçando as ideias transmitidas.
A comunicação interpessoal é importantíssima, considero que até tem afeitos terapêuticos, como promotora de bem-estar dos indivíduos, é uma forma de comunicação que implica o acto de relacionar, partilhar, colocar em comum. Um bom comunicador é o que consegue adaptar-se ao outro, ao seu contexto social, cultural, que sabe escutar, e que consegue entender o que o outro pretende transmitir.
Para além da comunicação verbal, a comunicação não verbal assume um papel tão importante como a comunicação verbal, porque é através da comunicação não verbal que nos permite uma avaliação mais real da vontade, sentimentos, emoções. Por exemplo um dos canais mais expressivos da comunicação não verbal, não oral é o contacto ocular, este canal para além de o mais expressivo é o que menos controlamos conscientemente, é o que mais fala sem dizer uma palavra. No entanto considero que a comunicação não verbal será a competência mais difícil de interpretar. Ao transmitirmos determinada mensagem, o nosso corpo pode estar a transmitir exactamente o oposto da codificação verbal. A análise dos sinais transmitidos através do nosso corpo, é uma área fascinante, na qual existe um mundo muito vasto de compreensão e saberes. A comunicação interpessoal bem feita trás muitos benefícios quer em termos profissionais quer social, porque vai-se ao encontro das necessidades de todos.
A comunicação interpessoal é o centro importantíssimo de todas as actividades humanas. Um grande número de problemas pode ser ligado à falta de comunicação – saber qual é o problema já é ter meia solução.
Comunicação interpessoal bem feita não é só transmitir ou só receber bem a mensagem é também a troca de entendimento, e ninguém entende ninguém sem considerar além das palavras, as emoções e a situação em que fazemos a tentativa de tornar comuns conhecimentos, ideias, instruções ou qualquer outra mensagem, seja ela verbal, escrita ou corporal. A comunicação interpessoal é um processo de interacção social recíproca entre duas ou mais pessoas, cuja relação poderá influenciar o comportamento, a motivação e o estado emocional do emissor e do receptor. Tal processo ocorre nas relações das pessoas como sujeitos membros de um determinado grupo social e cultural. Este processo, pelo qual ideias e sentimentos se transmitem de indivíduo para indivíduo, tornando possível a interacção social, é sem dúvida fundamental para o homem, enquanto ser social e cultural. A comunicação interpessoal envolve o desenvolvimento da capacidade da relação com os outros, também em situação de conflito e a criação de estratégias para a resolução desses conflitos interpessoais.
(Dias, J.M (1999). A comunicação Pedagógica. Colecção Formar Pedagogicamente. Instituto de Emprego e Formação Profissional).
